Quem somos nós, pobres seres
a vagar por esta terra inóspita?
Somos nada mais que pobres mortais
fadados à miséria, ao opróbrio, à dor!
Inchados de vã vaidade, de vil orgulho,
passamos nossos dias a arquitetar o mal,
a cobiçar o que é alheio,
a gozar de forma egoísta e mesquinha,
sem refletir na dor e na miséria do outro...
E, assim, na ânsia de ter e poder
somos consumidos e esquecemos
que somos pobres seres
que não podemos garantir
nenhum dia de nossa frágil vida.
Quem somos nós?
Pobres seres incapazes de redenção?
Incapazes de transgredir a sede do mal que nos aflora?
Criaturas miseráveis, capazes de alteridade?
E, no entanto, o que se leva?
Riquezas, glórias, bens?
O que resta de tanta arrogância?
Pobres seres que somos,
o que de bom poderemos deixar para quem nos preceder?
Ah! Pobres seres esses homens,
às vezes tão insanos e bestiais.
Ah! Pobres seres, esses que se mascaram eternamente,
mas que não passam de feras horripilantes e devoradoras...
Ah! Esses pobres seres, que somos todos nós!
(Igara, 20.3.2002)
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